(Por: Álvaro Vidal, ao tempo Mar C.1632/70)
O Argos virou sucata.
Abandonado na baía de Luanda, corroído pelo tempo, transformou-se num decrépito monte de ferros. Outrora lar daqueles que no mar presumiam defender a Pátria, virou guarida de outros habitantes marítimos, que ignorantes de todo o seu passado assistiram à sua decomposição.
Restam as memórias do que foi, e do que foram todos aqueles que o erigiram, conservaram manobraram, defenderam, conduziram e com ele comunicaram “novos mundos ao mundo”.
Que será feito deles?
Certamente que muitos já partiram eventualmente navegando por outros mares…
E os outros, onde estão?
Provavelmente embrenhados na sua azáfama diária, com ténues memórias daquilo que foram e do que ali viveram, indiferentes, esquecidos, prosseguem a sua caminhada pela vida.
Aconteceu também comigo, até que, mais liberto, empunhando a ferramenta desta nova era, a internet, fui em busca dum passado que as nebulosas imagens da memória me colocavam no Argos, na Guiné. Procurei e encontrei o Argos, em imagens, então já corroído, esventrado, talvez mesmo em putrefacção. Uma triste nostalgia me assomou da mente e me levou a deixar ali uma nota, quiçá epitáfio, dizendo ter sido o meu lar entre Novembro de 1971 e Setembro de 1973, e deixei o meu endereço electrónico.
Talvez imbuído do mesmo espírito, o Bernardino Sena, companheiro daquele tempo, Mar. CM., encontrou a minha nota e contactou-me. Trocámos mails, falou-me da sua busca da guarnição, e mandou-me uma lista de nomes que tinha conseguido através de pedido à Marinha:
Guarnição de 1973
José dos Santos Caldeira Francisco dos Santos Mendonça Fernando Mendes Gonçalves Júlio Pedro Sobral Lourenço João Brás Costa Joaquim de Castro José Francisco Manuel José Manuel Simões Vaz António Martins Oliveira Acácio Duarte Pinto José Manuel Jorge da Cruz Eduardo Gonçalves Pinto de Morais Manuel António Peres José Manuel Queirós Pinheiro | Bernardino Reis do Nascimento Sena José Duarte Cunha Magalhães Joaquim Mariano Campaniço Gameiro Álvaro da Graça Vidal Arsénio Silvestre Sim Sim Moncarcha Carlos Alberto Cabral Almeida Vitor Pereira de Moura Lima José Manuel dos Santos Silva José Rodrigues Gonçalves Antero Joaquim Meneses da Costa Orlando Gouveia Silva António da Silva Moreira Manuel Armando da Veiga Fernandes |
Lista incompleta e eventualmente errada, com a informação de que os arquivos daquele tempo não permitiam ter maior precisão. Efectuei algumas pesquisas. Localizei alguns, o Sena sabe onde se encontram outros, nomeadamente os comandantes, e há esperança de que se venham a encontrar os restantes, mesmo alguns dos que não fazem parte desta lista. Telefonei a alguns e enviei cartas a outros. Recebi boas e más notícias, e outras nem por isso.
As sementes foram lançadas, fico na esperança que possam germinar e venham a dar frutos.
Entretanto deixo os testemunhos possíveis.
O João Brás Costa, enfermeiro, que consta da lista mas esteve no Argos até Março de 1970, escreveu: “ao ver o engaço do Argos senti uma espécie de tristeza semelhante ao que sinto quando vejo uma casa que me foi familiar reduzida a escombros ou abandonada pela vida. Mas enfim tudo é finito e é por isso que existe vida e força para lutar por ela. … não consigo ajudar muito na procura desses bons amigos que todos foram. Imagens e nomes, tudo o cilindro da vida passou. …”
E juntou estas fotos:
Actualmente
O Arsénio Moncarcha, ao tempo Mar A, respondeu ao apelo, e através do seu genro, mais habituado a estas modernices, enviou-nos por mail as fotos abaixo. Faltam as datas, mas creio serem posteriores a Setembro de 1973. Quem souber que forneça os esclarecimentos.
boa noite
ResponderEliminarolá
ResponderEliminarsou o ex cabo E correia, estive no argos 73/74, reconheço-me nalgumas fotos acima (via sim-sim).
ainda me cruzei com o sena, gostaria de ter mais informações sobre a rapaziada. porque não um encontro?
Custódio deixa o teu contacto ou envia para agvidal@sapo.pt ou bernardinosena@gmail.com
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